Doentes com artrite querem medicação comparticipada
Secretário de Estado da Saúde prometeu avaliar assunto à ANDAR,uma associação de doentes
O secretário de Estado da Saúde prometeu ontem uma "avaliação" à possibilidade do Estado vir a comparticipar em 100% os medicamentos considerados essenciais para o tratamento da artrite reumatóide, uma doença crónica que afecta 30 mil portuguese.
Miguel Pizarro respondia ao apelo lançado por Arsisete Saraiva, presidente da Associação Nacional dos Doentes com Artrite Reumatóide (ANDAR), durante as comemorações do Dia Nacional do Doente com Artrite Reumatóide.
"Há doentes que já interromperam a medicação por dificuldades económicas", disse, pedindo ao secretário de Estado para que "apoie" estas pessoas e "comparticipe" a compra dos medicamentos. Pizarro lembrou que o Governo já comparticipa a 100% as terapêuticas biológicas "as mais dispendiosas de todas", mas prometeu que na reunião que manterá na próxima semana com a ANDAR, analisar se "se justifica" ou se é "sustentável" comparticipar outros medicamentos.
A ANDAR aproveitou também para comemorar os seus quinze anos de existência e adiantou parte dos dados de um inquérito que realizou e cujas conclusões serão reveladas em Outubro.
António Vilar, reumatologista e secretário-geral da associação, adiantou que "surpreendeu" o facto de 30% dos doentes terem considerado o seu estado mau ou muito mau. Dados europeus revelam que as terapêuticas existentes permitem controlar os sintomas em 90% dos doentes e que em dois terços atinge-se uma remissão da doença.
Os dados portugueses significam, segundo este médico, "que não estamos a conseguir o nível de performance que a medicação de que hoje dispomos permite".
O diagnóstico precoce é fundamental para o controlo desta doença, daí o apelo lançado aos médicos de família para que remetam os seus doentes para os reumatologistas, aos primeiros sintomas. A formação contínua destes médicos é também fundamental para que esse diagnóstico precoce seja efectivamente feito. "Quando uma articulação incha, dói, fica quente e tudo isto persiste para além das seis semanas, o doente deve ir ao seu médico e este deve referenciá-lo e enviá-lo para os especialistas". A necessidade de mais reumatologistas foi outro apelo lançado, mas, desta vez, tanto por António Vilar, como por Viviane Tavares, da Sociedade Portuguesa de Reumatologia. "É necessário um diagnóstico precoce e a formação dos médicos de família para que ao mínimo sinal enviem os seus doentes para o reumatologista. Mas para isso, é preciso que o reumatologista esteja lá", disse.
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