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18 de agosto de 2010

Quase três quartos das mulheres que têm artrite reumatóide sofrem com dores diárias



Familiares dos pacientes são afetados emocionalmente pelo diagnóstico da doença
 
 
Quase três quartos (72%) das mulheres diagnosticadas com artrite reumatóide sofrem com dores diárias, apesar do fato de 75% delas receberem medicamentos para alívio da dor. Os números são de um estudo apresentado por Paul Emery, professor de Reumatologia da Universidade de Leeds, no Reino Unido, durante o Congresso Anual da Liga Européia Contra o Reumatismo. Os dados coletados por Emery abrangem mulheres de sete países: Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Espanha, E.U.A. e Canadá.

27.459 mulheres com idades entre 25-65 (média 46 anos) foram recrutadas para o estudo através de um painel de pesquisas on-line, dos quais 1.958 foram elegíveis para análise do preenchimento do questionário, entre 30 de julho e 31 de agosto de 2009. 75% tinham sido diagnosticadas com artrite reumatóide por mais de um ano.

A pesquisa destacou também o impacto emocional, social e físico da artrite reumatóide na vida destas mulheres. As participantes do estudo relataram que sofrem muito com a doença, além das dores físicas, foram relatados sentimentos de distanciamento e isolamento. A doença afeta também as relações íntimas:

- 40% das mulheres solteiras afirmaram que é mais difícil encontrar um parceiro;

- 22% das entrevistadas divorciadas ou separadas afirmaram que de alguma forma, a artrite reumatóide teve um papel na sua decisão de se separar de seu parceiro;

- 68% das mulheres com artrite reumatóide relatou esconder sua dor dos mais próximos; e

- 67% disseram que estão constantemente a procurar de novas “idéias” ou “alternativas” para amenizar ou acabar com a dor que sentem.

"Os dados confirmam que a dor física é a questão primordial para as mulheres com artrite reumatóide, mas a doença as atinge mais profundamente, afetando o seu bem-estar físico, social e emocional. O trabalho destaca a complexidade do tratamento destas pacientes. É um processo que vai além do controle dos sintomas ou do alívio da dor", explica o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti, diretor do Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares (Iredo).

A adoção de estratégias de tratamento para reduzir a dor, restabelecer a produtividade no trabalho e de gestão do impacto social da artrite reumatóide é de grande importância no manejo clínico desses pacientes. “O estudo aprofundado do impacto negativo da doença e da dor sobre a produtividade laboral das entrevistadas revelou que 71% das entrevistadas se consideravam menos produtivas por causa da artrite reumatóide”, destaca Sérgio Lanzotti.

O estudo revelou os impactos, a longo prazo, da artrite reumatóide sobre a vida profissional destas mulheres:


- 23% das entrevistadas pararam de trabalhar;

- 17%  informaram  uma redução na jornada de trabalho.


Família e amigos sofrem também


Outro estudo apresentado, durante o Eular 2010, destacou o sofrimento psíquico de familiares e amigos de pacientes com artrite reumatóide. A autora da pesquisa é Julie Taylor da Universidade de West England, em Bristol, Reino Unido.

Taylor e sua equipe de pesquisadores entrevistaram familiares de pacientes com artrite reumatóide, visando avaliar seus sentimentos no momento em que seus familiares foram diagnosticados com a doença e a forma como eles conviveram com o diagnóstico, com o passar do tempo.

Após a análise dos dados, os pesquisadores relataram que os familiares de pacientes com artrite reumatóide relataram os seguintes problemas:

• Emocionais: de uma maneira geral, os familiares expressaram uma tristeza imensa e uma perda de significado “no conceito de futuro”, tanto em relação a si mesmos, quanto em relação ao familiar doente;

• De adaptação: vários entrevistados disseram esperar uma cura para a doença. Mas, após um tempo maior de diagnóstico da doença, os familiares reconhecem que a pessoa afetada e eles mesmos continuarão a conviver com a artrite, durante toda a vida do paciente;

• De enfrentamento: os familiares relataram sentimentos de rejeição, desamparo e ocultação, tanto da condição de saúde do familiar doente, quanto dos impactos que a doença provocou ao relacionamento familiar;

• De falta de apoio e informação: a maioria dos entrevistados revelou-se relutante em participar de um grupo de apoio específico sobre a doença, apesar de reconhecerem sua importância.

"Os resultados desta outra pesquisa servem de alerta para os profissionais de saúde. Apenas uma equipe multidisciplinar de atendimento é capaz de suprir todas as necessidades do paciente com artrite reumatóide e sua família”, defende o diretor o Iredo.

O diagnóstico das doenças reumáticas pode ter um impacto muito negativo na vida familiar. Muitas associações que lidam com o tema, como a inglesa Arthritis Care (http://www.arthritiscare.org.uk/Home) e a portuguesa ANDAR (http://www.andar-reuma.pt/default.aspx ) realizam estudos com os familiares onde são relatados comumente sentimentos de desesperança e de descrédito no futuro.

Geralmente, após o diagnóstico da doença, a  família não só têm de aprender novas habilidades para prestar cuidados físicos ao paciente, mas também se vê obrigada a ajustar atitudes, emoções, estilo de vida e  rotina.

“Essas associações e grupo de apoios têm papel relevante no tratamento da artrite reumatóide, pois oferecer apoio e suporte à família do doente crônico é tão importante quanto tratar este paciente. É uma das vertentes do tratamento. Um ambiente familiar mais harmonioso favorece muito o tratamento e o controle da doença crônica”, defende o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti, diretor do Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares (Iredo). (Informações da MW- Consultoria de Comunicação)


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